(carta enviada: "histórias que conheci")
Eae pessoassss!! Olha só, a gente sempre pede que vocês enviem suas histórias pra nós, pra gente compartilhar essas experiências ou dúvidas ou perguntas sobre o universo da sexualidade. Então, aqui segue uma história massa de descoberta, de uma/um leitora/leitor do nosso blog. Vamos só alterar os nomes pra poder ficar mais de boas beleza¿ Mas, lê até o final. É muita bacana!
historiasqueconheci@gmail.com
“”Me chamo ‘Bia’, tenho 18 anos, sou artista, pansexual e não sei ao certo meu gênero.
Antes de me identificar como pansexual me identifiquei como bi. Isso foi em 2013, quando eu ainda tinha uns 12 anos. Mas eu sentia atração por garotas antes disso. Me recordo de ser apaixonada por uma garota no fundamental 1, eu achava que só gostava do cabelo dela e a achava muito bonita, mas depois de crescer eu percebi que aquilo era o que nós chamamos hoje de crush. Eu tinha um caderninho onde escrevia de quem eu gostava, escrevi lá o nome dela e depois rasguei a folha, porque minha mãe dizia que isso era errado, era feio. Tive outra crush no fund 1, Ah e sim muitos crushs meninos também. Eu sempre fui de gostar MT rápido das pessoas, seja de forma amorosa ou não.
Meu primeiro contato com não-binariedade foi com Liniker, que na época que eu a conheci se identificava como uma pessoa não binária. E aí comecei a pesquisar mais sobre não binariedade. Nessa onda de pesquisa encontrei a pansexualidade. Na verdade, essa não foi a primeira vez que eu ouvi falar de pansexualidade. Uma professora de inglês explicou na aula vaga o que era, mas eu não tinha entendido, mas lembro que ela tinha falado de se relacionar com animais e plantas (o que hoje eu sei muito bem que está completamente errado), aquele típico preconceito com pansexual. Bom, eu tinha um amigo pansexual nessa época (2016), o ‘S’, que me ensinou o que realmente é pansexualidade e nesse dia q ele me explicou eu percebi que eu também era.
E então começou o processo de parar de me denominar bissexual e começar a me identificar como pansexual. Demorou um tempo, mas eu me acostumei e me sinto bem agora e eu reconheço que eu tenho isso de querer me rotular, colocar nome nas coisas. Isso foi uma coisa que eu discuti com a psiquiatra, eu não preciso dos rótulos, mas algo na minha cabeça me diz que eu sou eles.
Quando conheci a Milka estava me identificando como pessoa não binária. Agora eu só não quero dar um nome, acho muito cedo. Mas eu estou junto na luta pelos direitos, reconhecimento e representatividade da comunidade não binária.
Por que comecei a me identificar como não binário? Bem, foi um processo até que rápido, por isso voltei atrás e tô indo mais com calma. Eu me sentia incomodado quando me chamavam somente no feminino, o que sempre foi esperado até meus 17 anos. Queria que me chamassem no masculino, mas ao mesmo tempo eu não me via como homem ou pensava em mim no masculino todo o tempo, assim fui intercalando os pronomes e pedindo pra fazerem o mesmo. Contei para os amigos que eu me senti confortável em contar e alguns passaram a intercalar e outros continuaram só no feminino, mas eu não esquentei tanto a cabeça, porque é um processo, não posso exigir que mudem de uma hora pra outra, assim como eu tenho que me dar um tempo também. A única pessoa com quem fiquei incomodada por não ter me chamado no masculino uma vez se quer foi meu namorado (agora ex namorado), mas isso é uma questão a parte.
Outro motivo para eu ter me identificado como nb, eu sentia vontade de ter um pênis e comprei um packer. Sei que genitália não define gênero, mas eu acho demais eu ter as duas genitálias, só isso mesmo.
Ver "sexo: ( ) feminino ( ) masculino" num questionário é uma das maiores frustrações, eu não tenho vontade de assinalar, na verdade tenho, mas de assinalar outro ou mas que $@%&*, parem de ficar com essa @#$% de especificar gênero em formulários que não há necessidade.
Bom, agora eu só tô deixando as questões surgirem e não lidando tão forte com elas. Não quero rotular algo tão cedo. Então se me perguntar meu gênero eu respondo que não sei, que sou a ‘Bia’. Assim como minha amiga respondeu à Milka quando ela perguntou "como você se identifica?" (Primeiramente nota-se que não há gênero nesta pergunta) e ela respondeu: Julia.””
E essa é uma daquelas histórias que de alguma maneira nos inquieta e nos coloca pra refletir: “pra que mesmo que tenho que me definir imediatamente¿” “ porque tantas categorias, tantas caixas que só geram conflitos¿”
Bom, vamos aprendendo com histórias como essas e, principalmente, aprender que existem diversidades de corpos, comportamentos, sexualidade, identidades. Porém, o respeito, esse é fundamental para a vida humana.
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